A cada instante, percebemos um número alarmante de pessoas dispersas, ansiosas, com alteração de humor e intolerantes com a velocidade do outro, pois o mundo virtual é dinâmico e mais atraente.

Esse mundo virtual aparece como uma espécie de hipnotizador em usuários com olhares fixos nas telas, sem quererem ser interrompidos, desatentos com a realidade externa, o que na maioria das vezes os colocam em risco de vida como já se viu em indivíduos postando fotos ou dirigindo conectados aos seus aparelhos.  

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - o DSM V, o nome dado a dependência tecnológica é Nomofobia (derivado da expressão no mobile phobia, em inglês), isto é, um medo muito intenso de ficar sem o seu companheiro virtual.

O Brasil é pioneiro no estudo da dependência apesar de deficitário em pesquisas nesse sentido. No entanto, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem desenvolvido pesquisas para compreender o quanto essa dependência tem sido danosa ao comportamento. O que se pode definir foram mudanças comportamentais em relação à convivência social e familiar acarretando prejuízos significativos a sua rotina.

Segundo King,Nardi e Cardoso (2014) abordam e relacionam a Nomofobia com os vários tipos de transtornos que uma pessoa pode desenvolver, tais como: ansiedade, pânico, impulso, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo, dependência patológica. Outros autores citam como efeito frequente o phantom ringing, onde o usuário do celular percebe o aparelho tocando mesmo sem isso ter ocorrido.

Mesmo diante dessa realidade, o transtorno pode não ser percebido ou associado ao uso excessivo dos aparelhos celulares, cada vez mais modernos (como os smartphones e computadores que tem sua atualização cada vez mais rápida) devido à similaridade de sintomas fisiológicos e comportamentais do Transtorno descrito. Tais sintomas percebem-se similares a outras causas, que não necessariamente carecem dessa dependência tecnológica.

É importante ainda, entender que todos os indivíduos independentes de faixa etária estão suscetíveis a nova droga do século, denominada Nomofobia.

A relevância deste tema se dá através de uma pesquisa realizada pela Navegg, onde o Brasil, no primeiro trimestre do ano de 2016, encontrava -se com o número recorde de 105 milhões de pessoas conectadas ao YouTube, Twitter e Facebook ganhando do Reino Unido e dos EUA.

O comportamento em questão tornou-se tão comum que dificilmente podemos percebê-lo como um exemplo de dependência, assim como outros vícios que dificilmente são identificados como tal. Aquele companheiro que nos parece tão útil e benéfico. Chegamos a conversar rir, falar de outras pessoas sobre o uso em excesso, mas o distanciamento que nos colocamos nos impede de reconhecê-lo em nossa realidade. Talvez porque esta realidade necessite ser trabalhada, divulgada, conscientizada, como uma patologia.

Podemos concluir que essas situações podem conduzir o indivíduo ao afastamento de atividades que outrora eram prazerosas, como sair com amigos, fazer uma atividade física, assistir um filme, ler um livro e até mesmo jogar conversa fora. Nada disso, passa a não fazer mais sentido.

Sabemos que a tecnologia não se resume a prejuízos, mas faz-se necessário que estejamos atentos a esta ”nova” e rápida realidade.